Entre as Promessas da escola e os desafios da reprodução social: famílias de camadas médias do Ensino Fundamental à Universidade1

Cynthia Paes de Carvalho

        Resumo: Inspirado nas pesquisas de Pierre Bourdieu, o estudo focaliza a relação dos estudantes universitários com o conhecimento acadêmico e a Universidade, no contexto das transformações e desafios colocados para a reprodução social das camadas médias urbanas brasileiras no final da década de 90. Dentre outros aspectos relevantes, o estudo mostrou a influência do volume e da estrutura do capital cultural das famílias na construção das estratégias educativas familiares e do habitus dos jovens pesquisados, constatando-se a tendência ao desenvolvimento de uma relação pragmática e instrumental com a escola. A pesquisa reuniu também elementos sobre o que se poderia chamar de habitus escolar universitário forjado ao longo do curso superior, em cuja constituição interagem as disposições engendradas tanto no "mundo natal" como nas relações experimentadas no processo de socialização universitária, particularmente as correlatas ao espaço socioprofissional da graduação escolhida.

        Palavras-chave: Família; escola; trajetória; camadas médias; reprodução social; ensino superior; conhecimento; estratégia.

        Abstract: Inspired by Pierre Bourdieu's researches, the study focuses on the relationship university students build with academic knowledge and the University, in the context of changes and challenges Brazilian urban middle classes face to their social reproduction by the end of the 90's. Among other relevant features, the study has shown the influence of the volume and the structure of the cultural capital of the families in the building of the educational family strategies and the habitus of the youngsters researched and a tendency to develop a pragmatic and instrumental relationship towards the school has been established. The research has assembled elements about what could be called a university student habitus forged through the college graduation, in the constitution of which interact the dispositions produced both in their "native world" and in the relationships experimented during their university socialization process, particularly those related with the socioprofissional space of the chosen graduation course.

        Keywords: Family; school; trajectory; middle classes; social reproduction; university; knowledge; strategy.

        A pesquisa focalizou a relação de estudantes com o conhecimento acadêmico e a Universidade no contexto dos desafios colocados para a reprodução social das camadas médias urbanas brasileiras no final dos anos 90. O trabalho foi desenvolvido como um estudo de caso a partir da análise de informações sobre 270 graduandos da PUC-Rio do ano 2000, 235 do curso de Direito e 35 da Engenharia Elétrica, com base em informações de um conjunto variado de fontes2 . A perspectiva foi ampliar a compreensão sobre as trajetórias escolares destes jovens à luz de sua construção social mediada pelas famílias, enquanto expressão de uma gestão estratégica dos capitais herdados ao longo da socialização e da relação entre os habitus dos agentes e as forças dos campos onde se movem (Bourdieu, 1997).

        Deste ponto de vista, as trajetórias destes jovens correspondem a um "campo de possíveis" no qual cada rota singular mantém uma relação com a posição do agente no campo e com suas disposições, expressas através de determinado volume e a estrutura de capitais herdados ao longo da socialização familiar, que estabelecem uma hierarquia prática (e tácita) que orienta sistematicamente suas escolhas (Bourdieu, 1979). Segundo o autor, no caso da relação com o sistema educacional e das escolhas que definem determinados padrões de escolarização ou carreiras, a relação das camadas médias com as escolas é via de regra caracterizada por uma combinação de "boa-vontade cultural com espírito empresarial escolar" (Bourdieu, 1998, p.120). Este "empreendedorismo escolar" determinaria um alto e minucioso investimento na escolarização dos filhos que, além de tender a repercutir em seu êxito escolar, carrega em si as expectativas de reprodução ou de ascensão social do grupo. A relação entre famílias e escolas - expressa pelo conjunto de estratégias educativas (domésticas e escolares) – tanto depende do peso relativo de cada tipo de capital herdado na estrutura do patrimônio familiar, quanto reflete o conjunto de estratégias utilizadas pelo grupo social original para preservar ou melhorar sua posição no espaço social num determinado momento de sua história.

        Os dados coletados permitiram uma interlocução interessante com as pesquisas desenvolvidas no campo da sociologia da educação sobre a relação entre famílias e escolas nas camadas mais favorecidas da população do ponto de vista sócio-econômico e cultural. A maior parte das famílias do grupo investigado integra as camadas médias altas, ou ainda, de acordo com Pastore & Silva (2000), o grupo que se encontra no "topo da estrutura social brasileira (estratos alto e médio superior)" que engloba 12,3% dos chefes de família do país.

        Esta interlocução permanente com a literatura orientou a construção de variáveis a partir dos dados de campo, que contemplou as informações sobre as famílias e as escolas freqüentadas antes do ingresso no Ensino Superior, viabilizando a discussão de aspectos relevantes dos processos de escolarização passíveis de serem observados. Cabe esclarecer que a utilização da expressão "trajetória escolar" neste trabalho refere-se fundamentalmente aos aspectos de cunho institucional revelados pela identificação dos estabelecimentos escolares freqüentados e do eventual trânsito entre eles. Dentro desse limite, procura-se identificar diferentes facetas da relação destes jovens e suas famílias com as escolas.

Trajetórias Escolares no Ensino Básico – reflexos no Ensino Superior?

        Os dados coletados motraram uma grande dispersão dos estudantes em termos das escolas freqüentadas no Ensino Básico: os 270 tinham sido escolarizados em 204 estabelecimentos diferentes! A variedade e o freqüente "trânsito" entre as escolas tornaram mais complexa a análise de seus processos de escolarização. Observou-se ainda que, na conclusão da graduação no Ensino Superior os históricos escolares da Universidade tinham durações diferenciadas, via de regra influenciadas pelas reprovações e cancelamentos de matrícula em disciplinas obrigatórias que quase sempre "atrasavam" a formatura. Nesse sentido, a análise inicial dos dados indicava alguma correlação entre as trajetórias escolares no Ensino Básico em determinados estabelecimentos e o tamanho dos históricos na graduação universitária, apontando para a relevância de investigar a relação entre a escolarização básica e as práticas acadêmicas na Universidade.

        Passou-se assim a considerar a probabilidade de que uma parte da explicação para as diferenças observadas nos históricos escolares no Ensino Superior estivesse relacionada também com possíveis diferenças entre as escolas freqüentadas, tomando como hipótese de trabalho o chamado "efeito estabelecimento" (Cousin, 1998).

Contextos institucionais e desigualdades educacionais

        Desde o final da década de 80 um número crescente de pesquisas focaliza os possíveis fatores associados às desigualdades educacionais entre os diferentes grupos sociais. Via de regra tem predominado a constatação de que estas desigualdades resultam de uma "complexa alquimia entre os fatores institucionais e a origem social" (Neves et al., 1995: 187), com ênfase na "distribuição desigual, entre as classes, dos instrumentos necessários à apropriação dos bens culturais" (op.cit.: 189), como propõe Bourdieu. Para além dos fatores associados ao recrutamento social, têm sido investigados outros fatores que com ele se articulam, destacando-se o efeito próprio do estabelecimento escolar, como o estudo de já citado de Cousin. O conjunto de indicadores por ele desenvolvidos no estudo do "efeito escola" prioriza a mobilização do corpo docente do estabelecimento enquanto síntese que agrega os demais aspectos (op.cit.: 156) influenciando mais diretamente o desempenho acadêmico dos alunos.

        No Brasil Franco et al. (2002) também lograram identificar fatores escolares promotores de eficácia e eqüidade escolar, utilizando dados do SAEB 2001. Os autores chegam a conclusões bastante semelhantes às de Cousin, no sentido de destacar a importância do que este denomina "mobilização do corpo docente em torno de objetivos comuns", favorecendo um melhor desempenho acadêmico do conjunto dos estudantes e legitimando políticas institucionais orgânicas que, entre outros aspectos favoreceriam uma "leitura" comum dos problemas dos alunos e sua possibilidade e responsabilidade em encontrar-lhes solução, num ambiente de estabilidade do corpo docente e da equipe administrativa.

Escolas e trajetórias do grupo investigado

        Seguindo esta perspectiva foi construída uma caracterização dos estabelecimentos escolares freqüentados pelo grupo estudado no Ensino Fundamental e Médio, priorizando – inicialmente - aspectos mais gerais como o tipo de educação ministrada (geral, profissionalizante ou supletivo) e o caráter público ou privado do estabelecimento. Confirmou-se a prevalência quantitativa de estabelecimentos da rede privada em mais de 90% das trajetórias escolares individuais no Ensino Fundamental e Médio, corroborando outras pesquisas (Nogueira, 2000 e 2002, Brandão et al., 2003; entre outros) sobre a escolarização das camadas médias no Brasil. Apenas dois dos 270 estudantes haviam freqüentado somente escolas públicas e outros 32 possuíam trajetórias mistas que incluíam também estabelecimentos da rede pública3.

        43% dos alunos dos dois cursos havia freqüentado mais de uma escola no Ensino Fundamental, registrando-se a maior quantidade de trocas de escola no final do 1o. e no início do 2o. Segmento do Ensino Fundamental. As escolas que mais receberam alunos transferidos foram aquelas consideradas mais tradicionais em termos acadêmicos e com bons índices de aprovação no vestibular indicando que o movimento de troca de escola como uma provável estratégia familiar de "refinamento" do investimento escolar priorizando condições vantajosas de preparação para o ingresso na Universidade.

        Dada a predominância dos estabelecimentos privados, foi necessário aprofundar a caracterização desse universo de forma a encontrar padrões diferenciados de escolarização a partir de outros aspectos institucionais, particularmente os relativos ao ambiente institucional com possível repercussão na formação do habitus escolar dos alunos.

Construindo uma tipologia de estabelecimentos escolares

        A análise da evolução histórica da rede privada de ensino no Brasil e na cidade do Rio de Janeiro em particular mostra a heterogeneidade das forças, grupos sociais e interesses aí existentes numa interação marcada por disputas de poder e de posições concorrentes. Neste contexto se diferenciam as ofertas educacionais disponíveis para as camadas médias no momento da escolha da escola, que repercutem nas estratégias educativas das famílias. É também nesse sentido que consideraremos a pertinência do "efeito estabelecimento" para estabelecer hipóteses de caracterização das instituições escolares.

        Inspirada na perspectiva da construção de tipos ideais, enquanto "imagens nas quais nós construímos relações, utilizando a categoria de possibilidade objetiva que nossa imaginação formada e orientada de acordo com a realidade julga adequadas" (Max Weber, apud. Aron: 1993), foi desenhada uma tipologia das escolas da rede privada de ensino no Rio de Janeiro. A tipologia proposta foi elaborada com base em aspectos institucionais passíveis de observação no marco dos dados disponíveis, aos quais foram agregadas informações e análises construídas em outras pesquisas envolvendo estabelecimentos similares, particularmente em grandes metrópoles brasileiras. Para isso procurou-se identificar elementos que pudessem também ser relacionados com a formação do habitus escolar e valorizar as escolas - e suas características institucionais - que concentravam o número mais expressivo de trajetórias entre os jovens do grupo estudado. Ficaram então definidos os seguintes tipos de escola:

        Empreendimentos Institucionais – escolas confessionais tradicionais que possuíam uma Instituição Religiosa como mantenedora e definiam como missão institucional a formação integral de líderes (elites) e de futuros profissionais competentes nas diversas áreas, com base em valores humanistas e religiosos, sem perder de vista a necessidade de uma integração socialmente responsável à sociedade. Sua apresentação na Internet enfatizava a excelência acadêmica aliada à disciplina, consideradas parte 'natural' da tradição da escola, como fonte também de legitimação moral do lugar social tradicionalmente ocupado por estes "herdeiros" na sociedade (Santos, 1996).

        Empresas Educacionais4 – estabelecimentos leigos que possuíam como mantenedora uma empresa privada de médio ou grande porte com diversas filiais. O discurso de apresentação na Internet geralmente valorizava o atendimento pleno das necessidades dos alunos e das famílias, particularmente no que se refere ao serviço prestado através da utilização dos mais modernos instrumentos e recursos pedagógicos.

        Empreendimentos Pedagógicos – fundados por grupos de educadores com uma articulação de elementos dos dois discursos anteriormente descritos. Apresentavam-se como empreendimentos construídos em torno de um ideário pedagógico sem, no entanto, deixar de enfatizar também o êxito alcançado no que se refere ao vestibular. Seu maior contraste com as escolas confessionais era a inexistência de uma instituição mantenedora sólida, colocando-os muitas vezes numa situação de instabilidade financeira, seja em função da inadimplência ou da evasão de alunos.

        Mesmo sem abarcar toda a complexidade do ambiente institucional de qualquer das escolas da rede privada, esta classificação serviu como hipótese de trabalho para identificar padrões diferenciados de escolarização. A partir dela foi desenvolvida uma variável-síntese que abarcou as trajetórias escolares mais comuns, privilegiando o tempo de freqüência em cada tipo de escola, particularmente nos últimos anos do Ensino Básico.

        O quadro a seguir mostra a distribuição encontrada e indica alguns contrastes conforme o curso:

Trajetórias Escolares no Ensino Básico dos graduandos
da PUC-Rio no ano 2000
Direito Elétrica
N % N %
Três anos ou mais em Empreendimentos Institucionais5 96 40,9 25 71,4
Três anos ou mais em Empresas Educacionais 52 22,1 2 5,7
Três anos ou mais em Empreendimentos Pedagógicos 35 14,9 2 5,7
Trajetórias Escolares Mistas & Outras6 52 22,1 6 17,1
Total 235 100,0 35 100,0
Fonte: DAR

        Observa-se um predomínio mais acentuado das trajetórias escolares em Empreendimentos Institucionais na Engenharia Elétrica do que no Direito, onde os demais tipos de escolarização correspondiam às trajetórias de mais da metade dos alunos. Em seguida discutiremos as possíveis correlações entre estes trajetórias e as demais informações coletadas, particularmente sobre as famílias e as trajetórias e as práticas observadas no ambiente universitário.

        A análise da evolução histórica da rede privada de ensino no Brasil e na cidade do Rio de Janeiro em particular mostra a heterogeneidade das forças, grupos sociais e interesses aí existentes numa interação marcada por disputas de poder e de posições concorrentes. Neste contexto se diferenciam as ofertas educacionais disponíveis para as camadas médias no momento da escolha da escola, que repercutem nas estratégias educativas das famílias. É também nesse sentido que consideraremos a pertinência do "efeito estabelecimento" para estabelecer hipóteses de caracterização das instituições escolares.

Famílias e Escolas

        Nos anos do "milagre brasileiro", desenvolveram-se novos setores sociais e as classes médias urbanas ampliaram consideravelmente sua importância demográfica, social, cultural e política. Durante quase três décadas – até 1980 – "o país viveu um período de ouro, com taxa média anual de expansão da produção de quase 7%" (Pochmann, 2001, p.36) - e os profissionais oriundos destes setores médios emergentes passaram a ocupar os novos espaços abertos, particularmente nos setores de infra-estrutura, financeiro e de serviços.

        Em que pesem as desigualdades sociais históricas persistentes, consolidou-se uma dinâmica de mobilidade social que fundamentalmente manteve as 'regras de passagem' para os estratos sociais mais elevados (Pastore & Valle Silva, 2000), supondo, invariavelmente, uma escolarização mais longa e, sobretudo, o ingresso na Universidade. Para esta geração, sua reprodução social enquanto camada média, ou a chance de alguma mobilidade ascendente - e também fator de 'distinção' - vinculava-se, inexoravelmente, ao investimento educacional familiar e à formação universitária.

        O cenário econômico nacional sofreu profundas mudanças a partir da década de 80 e 90, passando a verificar-se um incremento significativo da "mobilidade circular" - cada vaga aberta depende da saída ou da transferência de quem a ocupava para outra vaga - acirrando a seleção e/ou a competição para os postos de trabalho disponíveis (Pastore & Valle Silva, 2000). Nessa nova dinâmica social a importância da qualificação e da formação educacional aumentou ao mesmo tempo em que as chances de ascensão diminuíram em relação ao período anterior.

        As famílias da imensa maioria dos jovens da população estudada passaram a integrar o mercado de trabalho e de consumo, precisamente no período do chamado 'milagre econômico' e a estagnação econômica das décadas seguintes se abateu sobre estes grupos não apenas do ponto de vista econômico, mas também no que tange a sua auto-imagem como segmento social expressa num padrão de vida cada vez mais difícil de manter (O'Dougherty, 1998). Como observa a autora, estas transformações influenciaram toda a dinâmica intergeracional das camadas médias e altas, tencionando as estratégias familiares de reprodução de seu status social, particularmente no que toca aos investimentos educacionais na prole. Ainda assim, manteve-se em larga medida o investimento na educação dos filhos como uma aposta numa educação de qualidade, via de regra identificada com a rede privada de ensino (op. cit.).

        No universo investigado observa-se um contraste importante com os dados nacionais sobre os graduandos das duas áreas que participaram do ENC-2000, verificando-se um alto percentual de pais e mães7 com instrução superior entre os graduandos da PUC-Rio.

        Dada a relevância, apontada na literatura nacional e internacional (Nogueira, 2000), da articulação entre a escolaridade e a ocupação dos pais para uma compreensão mais acurada das trajetórias escolares das proles, particularmente nos meios mais favorecidos, foi detalhado este aspecto da caracterização das famílias. Para isso foi construída - inspirada nos trabalhos de Scalon (1998) e Pastore & Valle Silva (2000) - uma variável combinando estas informações sobre os pais:

Situação Ocupacional dos Pais Direito Elétrica
N % N %
Profissionais de Nível Superior 119 50,6 16 45,7
Dirigentes e Empresários c/ Curso Superior 58 24,7 12 34,3
Gerentes e Empresários c/ Nível Médio ou inferior 23 9,8 2 5,7
Trabalhadores Não-Manuais c/ Curso Superior 4 1,7 2 5,7
Trabalhadores Não-Manuais c/ Nível Médio ou inferior 6 2,6 2 5,7
Trabalhadores Manuais c/ Nível Médio ou inferior 4 1,7 0 0,0
Outro 3 1,3 1 2,9
Sem Informação 18 7,7 0 0,0
Total: 235 100,0 35 100,0
Fonte: Questionário sociocultural da PUC-Rio e INEP

        Considerando os efeitos da dominação masculina (Bourdieu, 1997), com a conseqüente centralidade simbólica da situação ocupacional paterna enquanto 'modelo' que inspira os demais membros da família e suas escolhas na perspectiva da reprodução do ethos grupal, bem como a composição ocupacional das famílias - mais da metade eram compostas por genitores com a mesma situação ocupacional - optou-se por considerar apenas a situação ocupacional dos pais na caracterização destas famílias seguindo, aliás, a tendência mais comumente observada na literatura.

        Entre os pais, observou-se um inequívoco predomínio das profissões de nível superior ou de ocupações executivas, correspondentes ao estrato ocupacional alto e médio-superior definidos por Pastore & Valle Silva (op. cit.), particularmente entre os pais dos estudantes de Direito. É interessante observar entre estes últimos, sobretudo, o número expressivo de ocupações com nível médio, seja como executivos ou empresários, seja como trabalhadores não-manuais.

        Sem abdicar do escopo geral da discussão baseado nos trabalhos de Bourdieu, a investigação ora apresentada salienta as mudanças no debate na sociologia da educação nas últimas décadas (Nogueira, 1998), sobretudo a ampliação das redes escolares, que compõem um "mercado" complexo e competitivo em cujo seio se concretizam as relações entre as famílias e as escolas (Connell et al., 1995; Ball, 1998; entre outros). Nelas o capital cultural das famílias joga um papel decisivo, em particular o volume e a estrutura do que Brandão (2003) denomina de capital informacional, que expressa as possibilidades desiguais para acessar informações sobre o funcionamento do sistema de ensino e, conseqüentemente, as chances de rentabilizar a os investimentos na escolarização dos filhos (Nogueira, 1998).

       Este estudo possibilitou fazer correlações entre as trajetórias escolares classificadas segundo o tipo de escola e as situações ocupacionais dos pais quantitativamente mais relevantes no universo pesquisado: "profissionais de nível superior", "dirigentes e empresários com curso superior", "gerentes e empresários com nível médio ou inferior". Os quadros que se seguem mostram a distribuição das trajetórias escolares no Ensino Básico segundo as ocupações paternas8 :

Vestibulandos do curso de Direito % segundo a Situação Ocupacional dos Pais
Profissionais de nível superior Dirigentes e Empresários c/ curso superior Gerentes e Empresários c/ nível médio ou inferior
Três anos ou mais de escolarização Empresas Educacionais 23,5 20,7 21,7
Empreendimentos Institucionais 42,9 36,2 34,8
Empreendimentos Pedagógicos 15,1 17,2 17,4
Mistas & Outras 18,5 25,9 26,1
Total: 100,0 100,0 100,0
Fonte: Questionário sociocultural da PUC-Rio e INEP


Vestibulandos da Engenharia Elétrica % segundo a Situação Ocupacional dos Pais
Profissionais de nível superior Dirigentes e Empresários c/ curso superior Gerentes e Empresários c/ nível médio ou inferior
Três anos ou mais de escolarização Empresas Educacionais 6,3 8,3 0,0
Empreendimentos Institucionais 81,3 58,3 50,0
Empreendimentos Pedagógicos 0,0 0,0 50,0
Mistas & Outras 12,5 33,3 0,0
Total: 100,0 100,0 100,0
Fonte: Questionário sociocultural da PUC-Rio e INEP

       Embora as diferenças observadas não possam sustentar com segurança a hipótese da existência de um "padrão" de escolhas completamente diferentes entre estas distintas frações das camadas médias, pode-se identificar uma tendência geral em direção a trajetórias em escolas que gozam tradicionalmente de prestígio acadêmico e social como é o caso da maior parte daquelas classificadas como Empreendimentos Institucionais. Ainda assim, na distribuição percentual entre as diferentes trajetórias segundo a situação ocupacional dos pais, indicaria uma preferência das famílias de profissionais de nível superior sobre este tipo de escola mais acentuada entre os estudantes de Engenharia Elétrica – entre os quais os pais profissionais liberais são ampla maioria e este tipo de trajetória é a mais comum. As diferenças entre as trajetórias parece ser menor no caso das famílias com pais gerentes ou empresários de nível médio ou inferior.

       A distribuição mais eqüitativa dos diferentes tipos de trajetória escolar no caso das famílias com pais gerentes ou empresários de nível médio ou inferior parece indicar uma certa correlação positiva entre as condições de escolha entre as diferentes opções encontradas no "mercado escolar" e o volume capital cultural institucionalizado (títulos escolares) articulado à situação ocupacional dos pais.

       Uma análise mais detida destas correlações no caso das Trajetórias Mistas mostrou que, entre os filhos dos profissionais liberais e os executivos com nível superior (pais de vestibulandos de Direito), em mais de 50% dos casos encontram-se Empreendimentos Institucionais. Já entre os filhos de gerentes e empresários com nível médio ou inferior nos dois cursos, predominam trajetórias em escolas privadas pouco conhecidas (via de regra na Zona Norte da cidade ou em outras cidades e estados) e trajetórias com escolas públicas e supletivo. Malgrado as limitações de inferência dado o número restrito de casos, esta constatação parece confirmar a hipótese sobre o peso do capital cultural nas eleições das instituições escolares.

       Por outro lado, os filhos das famílias com renda mensal mais alta (64% profissionais com Nível Superior no Direito e 50% dirigentes ou empresários com curso superior na Elétrica), tiveram trajetórias majoritariamente percorridas em Empreendimentos Institucionais (mais de 40% no Direito e mais de 80% na Elétrica). Embora esta pareça ser a 'primeira opção' da grande maioria das famílias dos jovens do grupo estudado, ela não descartaria nem as Empresas Educacionais, nem a mobilidade entre os diferentes tipos de escolas (Trajetórias Mistas), que poderiam integrar dinâmicas de "ajuste" progressivo entre as características do estabelecimento e as do (a) filho (a), ou ainda das "estratégias preventivas" de possibilidades de fracasso escolar.

"Atalhos" na conclusão do Ensino Básico

       No caso de 17% dos graduandos do Direito e 5,7% dos graduandos da Engenharia Elétrica o Ensino Médio (em parte ou no todo) foi cursado no chamado "sistema de créditos". Esta modalidade alternativa de ensino é oferecida por diversas escolas privadas – via de regra Empresas Educacionais - como uma forma de "construção colaborativa do conhecimento em consonância com os mais avançados recursos oferecidos pelas modernas tecnologias da informação e da comunicação" para atender estudantes que não poderiam freqüentar regularmente a escola. O ingresso é definido geralmente a partir de uma entrevista e a matrícula é por matéria. Os conteúdos são ministrados através de módulos auto-instrucionais, com o apoio e assistência de uma equipe especializada, o que possibilita ao aluno a aquisição do conhecimento na hora e local que lhe forem mais convenientes. As provas são feitas na escola e os demais procedimentos são regidos por contrato específico.

       A utilização deste recurso no grupo estudado mostrou que em quase a metade dos casos (19 dos 40) pelo menos, a opção por esta modalidade de ensino poderia ser também interpretada como um "atalho" para a recuperação de algum atraso escolar anterior ou como uma estratégia preventiva da possibilidade de fracasso escolar muitas vezes encontrada entre famílias cultural e economicamente favorecidas (Nogueira, 1998). Em que pese a 'pré-seleção' de estudantes com trajetórias escolares de sucesso no Ensino Médio pela composição do grupo investigado (Albuquerque, 1993), esta estratégia poderia explicar porque a análise dos históricos do Ensino Médio revelou tão raras evidências de fracasso escolar. Apenas entre os estudantes do curso de Direito foram encontradas quatro situações explícitas de fracasso registradas no histórico escolar como reprovações, que nesses casos se combinavam com a continuidade dos estudos por sistema de "dependência" em outra escola, via Sistema de Créditos, Ensino à Distância e/ou Supletivo.

       Entre os vestibulandos que utilizaram esse tipo de "atalho", quase 56% eram filhos de profissionais liberais (e correspondiam a 16% do total dos filhos desta categoria), 32% provinham de famílias com pais executivos com nível superior (e correspondiam a 19% dos filhos nesta categoria) e quase 12% eram filhos de gerentes ou empresários com nível médio ou inferior (e eram cerca de 17% nesta categoria). Fica o questionamento - que o número limitado de casos identificados não permitiu responder com segurança - de até que ponto o percentual mais elevado entre filhos dos executivos e empresários com nível superior não indicaria uma relação mais "instrumental" ou pragmática com a escola por parte destas frações de classe. Ou seja, importaria menos o conhecimento que de fato é aprendido pelos filhos (e avaliado pelas escolas) e mais o simples ato de concluir – como for possível – a escolarização básica, sobretudo se o futuro se vincula a posse de um título superior, preferencialmente numa Universidade com prestígio no meio profissional específico (como a PUC-Rio nas duas áreas).

       Malgrado a eventual utilização dos "atalhos" para contornar situações de fracasso no processo de escolarização, foi possível identificar algumas situações (23 graduandos do Direito) de prolongamento da escolarização9 que poderiam ser considerados indicadores de fracasso escolar. Nesses casos, sete estudantes haviam concluído o Ensino Médio através do Sistema de Créditos ou do Supletivo. Cabe aassinalar ainda que, nesses casos, a distribuição percentual relativa segundo a ocupação e a escolaridade dos pais diferia pouco: o fracasso escolar no grupo analisado não era, aparentemente, 'privilégio' da prole de nenhuma destas situações ocupacionais paternas.

       Por outro lado, na direção do que Bourdieu identifica como "boa vontade cultural" dos grupos sociais menos equipados com capital cultural – como os identificados aqui como gerentes e empresários de nível médio ou inferior -, tanto entre os vestibulandos da Elétrica, quanto entre os do Direito, são os filhos destes que – proporcionalmente – alcançam mais sucesso no vestibular, com êxito na primeira tentativa e entrada na Universidade até 18 anos. Este seria um justo coroamento do valor que estes setores tradicionalmente atribuem à escolarização dos filhos e a seu esforço em busca do sucesso acadêmico, como instrumento de consecução do projeto familiar de ascensão social.

       Diversamente do observado nas pesquisas de Nogueira (2000 e 2002) junto a filhos de profissionais com curso superior e filhos de empresários, entre os jovens que integraram o presente estudo, foram os últimos que obtiveram maior êxito no vestibular, indicando a importância da ampliação do estudo dos fatores de sucesso ou fracasso escolar neste grupo social e em suas diversas frações.

       Finalmente, cabem ainda algumas considerações sobre a noção de estratégia, que tem sido utilizada até aqui, prioritariamente no sentido proposto por Pierre Bourdieu, como expressão da interiorização das regras do "jogo" pelos agentes no campo onde se movimentam, como uma "intuição prática", que articularia na ação tanto as disposições, habitus, como o raciocínio estratégico sobre as decisões e escolhas em pauta a cada momento. No limite dos dados disponíveis, parece ser desta forma que operariam as estratégias educativas das famílias. Trata-se de uma dinâmica prática que integra um conjunto de sentimentos, familiaridades, histórias familiares, informações de pares, desejos, temores e lembranças, com todo um movimento também racional de busca de adequação destas disposições 'difusas' com as condições objetivas dadas no campo escolar e na própria condição de vida familiar. Pode-se supor que essa complexa relação habitus – campo, numa conjuntura particularmente crítica e cada vez mais competitiva no seio das camadas médias, como a dos últimos vinte anos - tenderia a incrementar cada vez mais seu aspecto pragmático, 'atualizando' disposições e preferências longamente enraizadas.

Um habitus escolar universitário?

       No que se refere às práticas socioculturais e acadêmicas no ambiente universitário, a pesquisa reuniu diversos elementos sobre o que se poderia chamar de habitus escolar universitário. De fato, a análise das trajetórias escolares na Universidade e as práticas correlatas a elas, mostrou que as diferenças mais significativas se vinculavam ao curso de graduação e não à origem familiar ou à trajetória escolar anterior.

       A pequena variância encontrada na maior parte das correçações com as trajetórias escolares parece sugerir que a socialização universitária engendraria uma certa homogeneização das práticas relacionadas ao conhecimento e à formação profissional. A hipótese então proposta é de que o percurso escolar universitário seria produto da assimilação de um habitus escolar universitário, no qual se articulariam comportamentos, percepções – "princípios de visão e divisão" -, expectativas e escolhas – que delimitariam também padrões próprios de relação com o conhecimento. O estudo etnográfico realizado por Coulon (1995) com universitários também aponta nesta direção, na medida em que a adaptação e a persistência no curso superior implicariam no aprendizado do "ofício de estudante".

       Uma vez que as respostas analisadas sobre as práticas acadêmicas foram produzidas ao final da graduação por ocasião do ENC-2000, elas estariam 'carregadas' das novas disposições desenvolvidas ao longo da socialização universitária. Pode-se dizer que este novo habitus escolar seria uma espécie de 'atualização' construída a partir das inúmeras interações entre as disposições e os capitais engendrados desde o "mundo natal" e o percurso através dos diversos campos e redes sociais até o espaço socioprofissional do curso de graduação escolhido. Este novo habitus escolar se sobreporia àquele constituído ao longo da trajetória escolar anterior, ainda que ela possa servir-lhe como "plataforma" inicial. Sua incorporação efetiva envolveria, tanto a utilização de recursos variados para cumprir com as exigências escolares do novo ambiente, como uma certa "naturalização" dos discursos sobre o curso, a instituição e seus professores (Bourdieu, 1989).

       Finalmente, vale lembrar que a conclusão da graduação no ensino superior é também um momento de 'passagem' para a chamada 'vida adulta' com a entrada no mercado de trabalho e o desafio de passar a responsabilizar-se solitariamente pela própria sobrevivência. Por esta razão, parece razoável que a própria escolarização neste nível de ensino passe a ser vivida e percebida cada vez mais como um empreendimento do próprio estudante - no qual se operacionalizaria o projeto familiar e o habitus aí engendrado. Desta maneira, a socialização universitária implicaria também num engajamento mais 'profissional' em relação ao conhecimento acadêmico, de forma a assegurar o ingresso com êxito futuro no mercado profissional.

       Do ponto de vista dos dados coletados na pesquisa, estas considerações parecem ser a hipótese mais plausível pasra a compreensão dos resultados dos cruzamentos entre as práticas acadêmicas e culturais destes graduandos (horas de estudo, uso da biblioteca, hábitos de leitura, reprovações por média, cancelamento de disciplinas, etc.) que se diferenciaram muito mais segundo o curso analisado que segundo a trajetória escolar anterior ou a situação profissional dos pais. Entretanto, como se trata apenas de um estudo de caso, tais constatações limitam-se a apontar perguntas para novas pesquisas que aprofundem estas análises de um ponto de vista comparativo. Nesse sentido vale ressaltar a relevância de articular à investigação do que aqui denominamos habitus universitário sua diferenciação segundo o curso ou área de conhecimento, enfrentando também a complexa questão da cultura acadêmica própria de cada área, particularmente num mesmo contexto institucional, para também avançar na compreensão da influência do chamado "efeito dos pares" (Soares et allii, op. cit.) sobre o desempenho acadêmico e as práticas escolares no Ensino Superior.

       Em que pese a constatação mais abrangente já relatada das variâncias mais significativas nas práticas acadêmicas e culturais serem entre áreas de conhecimento ou cursos de graduação, alguns aspectos abnalisados também indicaram correlações relevantes com a situação ocupacional dos pais. Nesse sentido, foi possível inferir que o uso estratégico das possibilidades oferecidas na Universidade – evidenciando uma espécie de "sens du jeu" – guarda também relação com a situação ocupacional dos pais (que integra também o capital escolar destes).

       O peso da herança familiar no habitus universitário se expressou também nas percepções captadas sobre cada curso, mostrando uma disposição relativamente mais aplicada e auto-exigente quanto aos estudos entre os estudantes provenientes de famílias com menor capital cultural - refletida numa relação mais "ansiosa" com o conhecimento como requisito indispensável ao sucesso do projeto familiar de mobilidade social ascendente (Almeida, 2000, p.89). Por outro lado, não se observou uma diferenciação importante nessas percepções entre os jovens de famílias com formação universitária, de forma geral, talvez indicando nesse caso, uma adaptação mais "blasé" (Brandão et al, 2003) ao ambiente universitário e ao próprio conteúdo de sua formação profissional.

       No âmbito das perspectivas antevistas para o futuro profissional, nos dois grupos pesquisados, os filhos de executivos ou empresários com nível superior pareciam se encontrar numa situação mais segura ou confortável no momento da conclusão do curso, uma vez que boa parte deles já encontrara seu lugar no mercado de trabalho. Muito provavelmente o capital social destas famílias jogou um papel importante nesse aspecto, agregando um valor extra ao diploma da PUC-Rio.

       Finalmente, vale lembrar que o panorama socioeconômico no início do novo milênio, quando estes jovens estavam concluindo sua graduação universitária, era bem mais sombrio e competitivo que o da geração de seus pais, colocando em questão a formação universitária em de seu conteúdo e do efetivo valor de mercado do produto que ela oferece.

       Nesse sentido, no conjunto dos graduandos estudado, fica a indagação sobre até que ponto os graduandos do Direito e da Engenharia Elétrica da PUC-Rio teriam perspectivas de futuro mais seguras, como em outros tempos.




1 Este artigo é uma síntese da Tese de Doutorado em Educação da autora com o mesmo título defendida em abril de 2004 na PUC-Rio.

2 Questionário sociocultural da PUC-Rio aplicado por ocasião do vestibular, questionário-pesquisa do INEP respondido por ocasião da participação no ENC-2000 (Exame Nacional de Cursos ou Provão - realizado pelo INEP até o ano de 2003), além de informações acadêmicas e administrativas disponíveis na Universidade. Mais detalhes ver: PAES DE CARVALHO, C. Entre as Promessas da escola e os desafios da reprodução social: famílias de camadas médias do Ensino Fundamental à Universidade. Tese de Doutorado em Educação, PUC-Rio, 2004.

3 Nessas situações, verificou-se a tendência observada por Nogueira (2000) dos percursos "mistos"

4 Martins (1989) caracteriza e denomina de forma semelhante este tipo de empreendimento educacional privado tanto no Ensino Básico, como no Ensino Superior (op.cit.: 44).

5 Nesta categoria foram incorporadas, além das escolas confessionais, as escolas públicas com longa tradição de excelência acadêmica que, conforme atestam vários autores, se diferenciam por sua seletividade da imensa maioria das escolas públicas comuns.

6 Este grupo englobou todos os percursos realizados em períodos igualmente longos e importantes em escolas privadas de mais de um tipo, escolas publica comuns, supletivos, escolas técnicas não tradicionais e/ou no exterior, além de algumas trajetórias em escolas laicas privadas sobre as quais as informações disponíveis não eram suficientes para classificá-las nas demais categorias.

7 No Brasil, conforme os dados do ENC-2000, apenas 38,9% dos pais e 30% das mães do Direito possuíam curso superior. No caso da Engenharia Elétrica, os percentuais nacionais eram de 39,1% para os pais e 30,3% para as mães. Entre os graduandos da PUC-Rio: eram 77% dos pais no Direito e 85,7% na Engenharia Elétrica, de um lado, e 63,7% das mães no Direito e 77,1% na Elétrica, por outro.

8 Nas tabelas que se seguem foram utilizadas informações referentes a apenas 210 pais de vestibulandos de Direito e 34 da Elétrica, sobre os quais havia informação a respeito de sua situação ocupacional (foram descartadas as situações "Sem Informação" e "Outro").

9 Considerei as situações em que o tempo de escolarização era igual ou maior que 12 anos.










REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALBUQUERQUE, W.B. A Universidade da Desigualdade In: ARCHÉ INTERDISCIPLINAR, Rio de Janeiro: Faculdades Integradas Cândido Mendes, Ano II, no. 5, 1993, pp.5-36.

ALMEIDA, A.M.F. Ultrapassando o pai – herança cultural restrita e competência escolar. In: NOGUEIRA, M.A.; ROMANELLI, G. e ZAGO, N. (org.) 2000. FAMÍLIA & ESCOLA - TRAJETÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO EM CAMADAS MÉDIAS E POPULARES. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000, pp. 81-97.

ARON, R. AS ETAPAS DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

BALL, S. Mercados educacionais, escolha e classe social: o mercado como uma estratégia de classe. In: GENTILLI, P. (Coord.) PEDAGOGIA DA EXCLUSÃO. Petrópolis/RJ: Vozes, 1995.

BOURDIEU, P. LA DISTINCTION - CRITIQUE SOCIALE DU JUGEMENT. Paris: Les Éditions de Minuit, 1979.

____________. LA NOBLESSE D'ÉTAT - GRANDES ÉCOLES ET ESPRIT DE CORPS. Paris: Les Éditions de Minuit, 1989.

____________. RAZÕES PRÁTICAS: SOBRE A TEORIA DA AÇÃO. Campinas: Papirus, 1997 (1ª. reimpressão com alterações do autor).

____________. Futuro de classe e causalidade do provável. In: NOGUEIRA, M.A. & CATANI, A. (Org.). ESCRITOS DE EDUCAÇÃO. Petrópolis: Vozes, 1998, p.81-126.

BRANDÃO, Z. et al. Algumas hipóteses sobre a permanência e a mudança no capital cultural das elites no Brasil. SOCED/PUC-Rio, 2003, mimeo.

CONNELL, R.W. et al. ESTABELECENDO A DIFERENÇA : ESCOLAS, FAMÍLIAS E DIVISÃO SOCIAL. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. ANPED, 1994.

COUSIN, O. L'EFFICACITÉ DES COLLÈGES – SOCIOLOGIE DE L'EFFET ÉTABLISSEMENT. Paris: PUF, 1998.

MARTINS, C.B. (Org.). ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO – TRANSFORMAÇÕES E PERSPECTIVAS. São Paulo: Brasiliense, 1989.

NEVES, A., EIDELMAN, J. & ZAGEFKA, P. Abordagens teóricas e metodológicas

In: FORQUIN, J. C. SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO – DEZ ANOS DE PESQUISAS. Petrópolis: VOZES, 1995, pp. 186-194.

NOGUEIRA, M.A. A escolha do estabelecimento de ensino pelas famílias: a ação discreta da riqueza cultural In: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, n. 7, jan.-abr., 1998, pp. 42-56.

_____________. Relação família-escola: novo objeto na sociologia da educação In: PAIDÉIA – CADERNOS DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO, FFCLRP-USP, v. 8, n. 14/15, Ribeirão Preto, fev.-ago., 1998, pp. 91-103.

_____________. A construção da excelência escolar - um estudo de trajetórias feito com estudantes universitários provenientes das camadas médias intelectualizadas. In: NOGUEIRA, M.A.; ROMANELLI, G. e ZAGO, N. (Org.) FAMÍLIA & ESCOLA - TRAJETÓRIAS DE ESCOLARIZAÇÃO EM CAMADAS MÉDIAS E POPULARES. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000, pp. 125-154.

NOGUEIRA, M.A. Estratégias de escolarização em famílias de empresários. In: ALMEIDA, A.M.F. & NOGUEIRA, M.A. (Org.) A ESCOLARIZAÇÃO DAS ELITES. Petrópolis/RJ: Vozes, 2002, pp. 49-65.

O'DOUGHERTY, M. Auto-retratos da classe média: hierarquias de "cultura" e consumo em São Paulo. In: DADOS – REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Rio de Janeiro: V 41(2), 1998, pp.411-443.

PASTORE, J. & SILVA, N. V. MOBILIDADE SOCIAL NO BRASIL. São Paulo: Makron Books, 2000.

SANTOS, M.P.G.S.C. Escola católica e formação das elites: um projeto conservador? 1996. Dissertação (Mestrado em Educação) - PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1996.

SCALON, M.C. Mapeando estratos: Critérios para escolha de uma classificação. In: DADOS – REVISTA DE CIÊNCIAS SOCIAIS. Rio de Janeiro, v. 41(2), 1998, pp. 337-375.